Quando eu escolhi a carreira de designer, fui motivada pela possibilidade de realmente ajudar pessoas, tornando a vida delas mais fácil ou agradável, através de soluções criativas e inovadoras. E (quase) nunca, desde que comecei essa trajetória, duvidei do potencial ou da relevância da minha profissão.
Entretanto, em alguns momentos me perguntei “Até onde eu posso chegar sendo designer? Como será a minha carreira?” Acredito que muitos designers já se perguntaram a mesma coisa e já sentiram a ansiedade gerada pela incerteza.
Como líder da equipe de design da dti digital crafters, me deparei com um novo desafio: auxiliar outras pessoas a responderem essas mesmas questões. Em minha publicação anterior, contei como o setor de design surgiu na empresa e quão recente ele é, o que requer que constantemente pensemos sobre como trazer uma certa estrutura aos nossos processos.
Nós da dti, agilistas que somos, não somos fãs de um plano de carreira estruturado. Nos parece desperdício traçar um plano detalhado, com marcos fixos, para algo que só irá acontecer daqui há alguns anos. Afinal, estamos vivendo em um mundo VUCA, onde em muito pouco tempo o mercado muda, as empresas mudam e principalmente as necessidades das pessoas mudam.
Em contrapartida, como disse anteriormente, a incerteza sobre o futuro gera insegurança e desconforto. Como podemos então dar um direcionamento para a equipe, que permita a definição de objetivos e resultados-chave, mas sem cair na tentação de sermos prescritivos?
A nossa resposta foi desenhar o que chamamos de trajetória do designer.
De maneira não exaustiva, ilustramos o caminho que um designer pode percorrer no que diz respeito às suas funções dentro da dti e da sua equipe.
A trajetória está baseada em funções e não em cargos, pois mais importante do que atribuir um título, é compreender os papéis e responsabilidades que cada um possui.
Principalmente na carreira de designer, nomear os cargos pode ser uma tarefa árdua: UX Designer, UI Designer, Product Designer… é realmente possível criar uma definição clara para cada um desses nomes? Uma trajetória baseada em funções evita discussões desnecessárias e permite focar no que realmente importa.
A trajetória de um designer na dti começa com a função mais elementar: planejar e prototipar interfaces gráficas, em diferentes níveis de fidelidade. Essa é uma função mais operacional, onde o designer recebe uma demanda já bem estruturada e deve executá-la.
Definir
Nós acreditamos, entretanto, que o papel do designer é muito mais importante do que apenas prototipar e que é natural que ele passe a ter a função, conforme adquire experiência e repertório, de definir junto com a sua equipe qual a melhor solução para um problema.
Nessa etapa, o designer tem uma interação mais próxima com o cliente e os usuários, sendo capaz de traduzir dores e reclamações em novas funcionalidades ou produtos.
Facilitar
Para os designers que se interessam por esse tipo de atuação, é possível desempenhar a função de facilitador dos nossos workshops e dinâmicas de design thinking como o próprio Design Sprint, que é hoje amplamente utilizado na dti.
Com um extenso conhecimento metodológico, o designer que possui essa função está sempre buscando novas formas de ajudar os nossos clientes a responder questões críticas do seu negócio.
Direcionar
Já aqueles que tem um perfil mais técnico podem cumprir a função de direcionar a equipe em relação às ferramentas, processos e metodologias utilizadas por nós. Aqui, o designer tem também a função de auxiliar no treinamento e acompanhamento de novos designers.
Esse papel se torna extremamente relevante conforme a equipe cresce. Pois graças a sua atuação cross entre os diversos times, ele garante que as melhores práticas sejam sempre compartilhadas.
Gerir
Finalmente, a função de gerir está relacionada a manutenção da sustentabilidade e rentabilidade da equipe, assim como a gestão de pessoas e processos. É responsabilidade de quem desempenha essa função garantir que o design tem relevância para o negócio e consegue demonstrar o seu valor.
Para cada uma dessas funções, estamos definindo de forma colaborativa quais skills devem ser desenvolvidas. Dessa forma teremos uma skill tree das habilidades do designer, que irá nos orientar na hora de, por exemplo, selecionar cursos para complementar a formação da equipe.
Essa trajetória foi criada a partir do momento em que estamos vivendo atualmente. Novas funções certamente irão surgir, outras serão revisadas ou até eliminadas: é um desenho vivo, em constante atualização.
O nosso objetivo ao criá-la é apresentar caminhos que são possíveis, para que cada um possa identificar onde está e para onde gostaria de ir. Assim, é possível definir objetivos e ações em conjunto com a liderança, com mais transparência e objetividade. O que torna a conversa sobre carreira um assunto a ser tratado sem angústia, sem nomes complicados e receitas pré definidas.