A IA evolui os negócios, mas aumenta os riscos à segurança digital. Aprenda a equilibrar inovação e proteção com este guia completo sobre segurança digital e inteligência artificial.
Esta é uma questão tão importante, que apenas em 2023, 55% das empresas brasileiras sofreram ataques cibernéticos alimentados por IA, segundo a pesquisa “The State of Cybersecurity in LATAM 2024”.
Para empresas e profissionais de tecnologia, a tentação de adotar ferramentas de IA generativas é grande. No entanto, essa corrida pela inovação traz um desafio crucial: como equilibrar a adoção dessas tecnologias com a garantia da segurança e a proteção de ativos digitais?
Neste artigo, exploramos essa questão crucial, analisando os riscos e oportunidades da IA no contexto da cibersegurança.
O que é segurança digital?
São ações que englobam todas as práticas e tecnologias destinadas a proteger sistemas, redes, programas e dados de acessos não autorizados, uso indevido de informações e modificações.
Em resumo, é a proteção do mundo digital contra ameaças virtuais. Com o avanço cada vez mais rápido das tecnologias emergentes, os problemas se tornaram mais complexos e os crimes virtuais também ficaram mais robustos.
Por isso, a cibersegurança precisa ser um pilar importante de qualquer organização, independentemente do seu porte ou setor de atuação.
Qual a ligação direta da IA com a segurança digital?
Com a popularização das ferramentas de IA generativa, as pautas de segurança ultrapassaram o setor de TI justamente pela taxa alta de crimes que aconteceram nos últimos anos.
Assim, podemos dizer que a inteligência artificial é uma faca de dois gumes na segurança digital. Isso porque sua capacidade de processamento e análise de dados a torna uma ferramenta poderosa tanto para proteger um sistema, quanto também para atacá-lo.
Na prática, a ligação entre esses dois polos está na capacidade da IA de automatizar tarefas, analisar grandes volumes de dados e identificar padrões complexos.
Isso pode ser usado para criar sistemas de defesa muito mais robustos, mas também para planejar e executar ataques mais sofisticados e difíceis de detectar. Por isso, é necessário que as empresas estejam em dia com suas ações de segurança.
Inteligência artificial como arma para ataques cibernéticos
Primeiro, vamos falar sobre o uso da IA para potencialização de ataques cibernéticos. Confira os mais comuns:
Phishing
Pela sua capacidade de automatização inteligente de tarefas, ela consegue aplicar ataques em massa, como o envio de e-mails de phishing personalizados a milhares de usuários simultaneamente.
Inclusive, essa é uma prática bem comum atualmente, justamente porque as ações de cibersegurança estão mais concentradas hoje em atacar usuários comuns, que são uma porta de entrada mais fácil aos sistemas.
Malware
A análise de dados também é uma importante ação que a IA pode oferecer, mas isso também pode virar um problema. Com essa análise mais eficiente e aprofundada, fica mais fácil identificar vulnerabilidades em sistemas com maior precisão e rapidez. Isso facilita a execução de ataques direcionados.
Além disso, ela também pode ser utilizada para criar novos tipos de malware com o diferencial de serem mais difíceis de detectar e remover. A complexidade dos ataques aumenta exponencialmente com o uso da IA, além de que, na maioria das vezes, passam despercebidos.
Manipulação de prompts
Você provavelmente já ouviu falar da ‘engenharia de prompts’, mas sabia que ela também consegue ser manipulada por atacantes? Na verdade, eles modificam as instruções dadas a uma IA para fazê-la gerar código malicioso ou obter informações confidenciais.
O perigo é que esse tipo de ação recai diretamente em questões éticas e de segurança de alguns modelos que podem ser induzidos a ignorar suas próprias proteções.
Porém, a questão aqui é mais complexa, pois envolve não apenas a segurança técnica de uma ferramenta, mas também a conscientização dos colaboradores, que serão os principais alvos ao executarem suas ações do dia a dia.
Uso da IA para detectar ciberataques
Apesar dos riscos, a inteligência artificial também tem papel crucial na defesa cibernética. Um exemplo são os ataques DDoS (Distributed Denial of Service), que são extremamente difíceis de serem mitigados com métodos tradicionais.
Porém, com a capacidade da IA de analisar grandes volumes de dados, ela permite a detecção prévia de ataques, mesmo os mais sofisticados.
O diferencial é que se consegue analisar o tráfego de rede em tempo real, identificando padrões suspeitos que indicam um ataque desse formato. Assim, é possível bloquear o tráfego malicioso antes que ele sobrecarregue os servidores, minimizando os impactos.
Já nos métodos tradicionais, temos o problema de os usuários legítimos também serem bloqueados, o que impacta diretamente a experiência do usuário. Porém, com o apoio da IA, a ferramenta consegue diferenciar o tráfego legítimo do malicioso com alta precisão.
Como se prevenir contra vazamento de dados?
Mais uma vez, a capacidade dessa tecnologia de analisar grandes quantidades de informações é fundamental para identificar padrões suspeitos que indicam potenciais vazamentos.
Além disso, a tecnologia também pode ser usada para monitorar o acesso a dados sensíveis, detectando atividades suspeitas e alertando os administradores de segurança. A automação de tarefas de proteção, como a análise de logs e a detecção de intrusões, também é um benefício significativo.
Quando falamos do monitoramento de dados sensíveis, a vantagem é a comparação do comportamento dos usuários com padrões estabelecidos, que a IA consegue fazer.
Qualquer desvio significativo pode ser sinalizado como uma possível ameaça, permitindo uma resposta rápida e eficaz. Além disso, ela também pode ser usada para detectar anomalias no tráfego de rede, identificando padrões que indicam tentativas de acesso não autorizado.
Dicas para as empresas fortalecerem a segurança digital com o apoio da IA
Se a cibersegurança é uma prioridade, ações voltadas para a prevenção precisam ser aplicadas. Separamos algumas dicas dadas por Pedro Dantas, especialista em segurança digital, em entrevista ao nosso podcast Entre Chaves:
Estratégias de defesa consolidada
É preciso ter um plano de ação claro para lidar com a segurança digital de forma preventiva. Isso envolve adotar ferramentas de segurança baseadas em IA, juntamente com o treinamento de colaboradores sobre os riscos e melhores práticas.
Ferramentas
As ferramentas que fazem uso da IA dentro dos times têm total impacto na segurança dos dados. Por isso, é crucial que a escolha delas gire sempre em torno de planos enterprise, em vez dos gratuitos, para poder garantir maior segurança e privacidade.
Cultura de segurança
Mais do que entender que é importante, é preciso que hábitos seguros virem rotina em todos os setores da empresa. É preciso reforçar que a proteção de dados faça parte das ações de conscientização. Por isso, é fundamental incluir capacitações que ajudem o colaborador a identificar e evitar ameaças, como e-mails de phishing e sites maliciosos. Uma cultura moldada na prevenção evita grandes problemas no futuro.
Principais ferramentas de segurança digital baseadas em IA
Atualmente, já existem diversas ferramentas disponíveis no mercado, porém, a escolha da ideal dependerá das necessidades específicas de cada projeto.
Abaixo, temos dois bons exemplos:
- SonarQube: essa é uma plataforma de código aberto para análise estática de código. Ela analisa o código-fonte em busca de bugs, vulnerabilidades de segurança e problemas de qualidade de código. A integração com a IA permite a identificação de padrões complexos e sutis que podem indicar vulnerabilidades que seriam difíceis de detectar manualmente.
- Veracode: ideal para automatizar e acelerar o processo de análise de segurança de aplicativos em nuvem. A plataforma também oferece relatórios detalhados sobre a segurança do aplicativo, ajudando os times a priorizarem as vulnerabilidades e a desenvolver planos de ação eficazes com maior velocidade.
Além disso, a IA pode ser facilmente integrada a ferramentas de segurança já existentes, potencializando suas capacidades. Por exemplo, ferramentas de análise de código podem ser aprimoradas com inteligência artificial para identificar vulnerabilidades com maior precisão.
Conclusão
As empresas não poderão mais deixar a segurança digital em segundo plano a partir de agora. Além disso, é preciso entender que a IA generativa é, sim, um desafio para a cibersegurança, mas também é fundamental na proteção contra ataques.
O pensamento preventivo deve ser o principal foco quando falamos em ações para fortalecimento da segurança digital. Para equilibrar a inovação com a proteção, não terá como fugir da IA, mas é preciso atenção. Mesmo que ela seja essencial atualmente, sua adoção precisa ser consciente e estratégica dentro dos times.
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