Visualização de dados: Como transmitir informações de forma eficaz
Vivemos em um mundo onde produzimos e consumimos uma enorme quantidade de dados. No entanto, surge a pergunta: o que fazemos com esses dados? Como a visualização de dados transforma dados em informações relevantes?
É inviável e ineficaz analisar caso a caso e de forma individual todos os dados que tomos hoje, e a fim de transformar os dados em informação, buscamos agregar e trazer pontos importantes que possam de fato dizer algo relevante sobre os dados de interesse.
E é neste ponto que a visualização de dados aparece como uma grande aliada. Ela surge como uma porta de entrada no processo de transformar dados em informação. Seja em uma análise mais descritiva, ou em no intuito de explicar e avaliar modelos complicados, a visualização vem nos ajudando tanto a tornar mais clara e entendível a informação obtida quanto nos auxiliando no entendimento de conceitos mais complexos.
Sumário
- 1 Qual tipo de visualização de dados usar ?
- 2 Como montar uma visualização de dados eficaz:
- 2.1 Tenha um propósito definido e conheça o seu público.
- 2.2 Mostre a informação de forma óbvia.
- 2.3 Se possível, use textos e anotações para focalizar a atenção.
- 2.4 Diminua a carga cognitiva.
- 2.5 Se preocupe com a aparência do visual.
- 2.6 Teste o visual que você está criando.
- 2.7 Exemplo de visualização de dados:
- 3 Conclusão
Qual tipo de visualização de dados usar ?
Sabendo importância da visualização de dados, uma pergunta que surge naturalmente é sobre como fazê-la e qual tipo usar, afinal existem inúmeros gráficos, resumos e tabelas que poderiam ser utilizados. Existem algumas visualizações recomendadas de acordo com o tipo de dado a ser exibido, mas não há uma regra que determine a visualização a ser usada. Uma boa referência que pode ajudar nessa escolha é o site Data To Viz. Ele traz sugestões de tipos de gráficos a serem usados de acordo com o tipo de dados que temos, e referências de como fazê-los em diferentes linguagens.
O ponto principal na escolha do visual é o teste, temos diversos tipos de visuais que transmitem a mesma informação, e a melhor forma de ver como cada visual vai transmitir a informação é testando. Depois de muitos testes e experiência nesse processo, a escolha do gráfico vai ser tornando mais natural e fácil de ser feita.
Como montar uma visualização de dados eficaz:
Podemos montar diversos gráficos e tabelas que serão capazes de transmitir alguma informação. No entanto nem sempre a visualização criada transmite as informações de forma eficaz, causando confusões e dificuldade na absorção da informação passada.
Para que consigamos traduzir nossos dados em informação através da visualização de dados, podemos seguir algumas dicas que ajudam nesse processo.
Tenha um propósito definido e conheça o seu público.
Ao escolher o gráfico ou visual a ser utilizado, é importante considerar duas questões fundamentais: qual é o propósito da visualização e para quem ela será apresentada. Antes de pensar na estética ou complexidade, é necessário dar um passo atrás e refletir sobre esses aspectos.
Quando a visualização é criada com o objetivo de entender os dados, não é necessário se preocupar tanto com a estética ou a complexidade. O importante é que a pessoa que está trabalhando com os visuais consiga compreendê-los e se sentir confortável. No entanto, quando os resultados da visualização forem compartilhados com outras pessoas, é preciso tomar uma série de cuidados para garantir que a informação seja transmitida de forma efetiva.
Um exemplo de como a visualização pode ser diferente de acordo com o público e propósito é no cenário de uma análise que tem como objetivo mostrar quais variáveis estão relacionadas com as outras. No ponto de vista da pessoa que está analisando os dados, ela vai estar interessada na distribuição de cada variável, na definição de qual coeficiente usar e em mais diversos, outros pontos.
Visualizando na prática
Um bom gráfico para o analista seria um correlograma, como o mostrado a seguir:
O correlograma acima apresenta várias informações relevantes sobre o conjunto de dados. Ele permite compreender o comportamento das variáveis, avaliar a adequação dos coeficientes calculados e levantar hipóteses. No entanto, ao compartilhar os resultados com pessoas que possuem pouco conhecimento em análise de dados, é importante considerar que elas podem se confundir devido à quantidade de informações apresentadas no gráfico. Nesse contexto, uma alternativa mais compreensível seria utilizar um mapa de calor, que representa a correlação entre as variáveis de forma mais intuitiva.
No mapa de calor acima bastaria explicar para o público que as cores mais fortes indicam maiores correlações e que o vermelho indica negativo e azul positivo. Desta forma a informação está sendo passada de forma rápida e de fácil entendimento.
Embora os gráficos, tabelas e indicadores sejam importantes, eles representam o ponto final da construção da visualização. No entanto, é essencial entender o público e ter um objetivo para garantir a efetividade da visualização. Se criarmos um gráfico pequeno que interage com vários outros, pode ser ineficiente quando destinado a um painel exibido em uma televisão, por exemplo. Da mesma forma, se soubermos que o usuário terá um acesso mais direto a um relatório, podemos aproveitar as interações disponíveis para otimizar o espaço e agregar informações relevantes. Portanto, o conhecimento do público-alvo, do local onde a informação será exibida e dos objetivos a serem alcançados guiará a construção e a escolha dos gráficos e visuais adequados.
Mostre a informação de forma óbvia.
- A fim de garantir uma absorção efetiva da informação, devemos torná-la clara e óbvia. Não devemos complicar as informações, tornando-as difíceis de interpretar. Quanto mais evidentes e compreensíveis forem, melhor será a sua absorção pelo público. Portanto, é essencial apresentar as informações de maneira simples e direta, facilitando o entendimento e a assimilação por parte do público.
Se possível, use textos e anotações para focalizar a atenção.
- Utilizando textos e anotações, podemos direcionar a atenção para os elementos que desejamos destacar na visualização. Podemos explicar um determinado período de tempo ou uma ação específica, além de chamar a atenção para pontos específicos da visualização. Em alguns casos, a própria visualização pode ser um texto com a exibição de um valor específico. No entanto, é importante fazer essas adições com bom senso, aplicando-as apenas onde realmente agregarão valor ao entendimento da visualização.
Diminua a carga cognitiva.
- Quando há um excesso de elementos em seu visual, muitas vezes desnecessários para o entendimento, o público precisa processar uma quantidade maior de informações antes de chegar ao ponto principal. Essa carga cognitiva excessiva pode levar à perda de atenção em relação à visualização em si. Portanto, é recomendável evitar uma carga cognitiva alta, mantendo o visual simples, com textos e cores apenas onde são necessários. Dessa forma, a visualização proporcionará um entendimento mais direto e efetivo, transmitindo a informação de forma clara e impactante.
Se preocupe com a aparência do visual.
- Quando uma visualização é bonita e bem elaborada, ela tem o poder de atrair e cativar o público-alvo. Por outro lado, se você visualizar de forma descuidada, sem considerar a padronização de visuais e cores, transmitirá a sensação de ser mal feito e perderá a atenção do usuário. Nesse sentido, é importante adotar uma abordagem de design, preocupando-se com todos os elementos de affordances, acessibilidade e estética. Ao pensar como um designer, podemos criar visualizações que se destacam, são visualmente atraentes e proporcionam uma experiência agradável ao público.
Teste o visual que você está criando.
- Uma boa tática para saber se a sua visualização está transmitindo a informação de forma efetiva, é mostrá-la para alguém, de preferência que não estava envolvido no processo de criação. Ao mostrar para outra pessoa e receber o feedback do que ela entendeu da visualização sem muitas explicações, conseguimos identificar se o que queremos transmitir está de fato sendo mostrado, ou até identificar pontos de melhoria.
Exemplo de visualização de dados:
Um bom exemplo de como transformar dados em informação de forma efetiva é dado no livro storytelling com dados, que é a referência principal na escrita deste artigo. No exemplo a seguir, a ideia é mostrar como um programa piloto realizado com uma turma de alunos influenciou em como eles se sentiam em relação as ciências. Uma primeira visualização trás dois gráficos que refletem os dados obtidos.
Os gráficos exibem todas as informações, porém, eles demandam tempo para interpretação e são inadequados para comparação entre o antes e o depois. Em seguida, apresentam-se sugestões com o objetivo de transformar a exibição dos dados em uma comunicação de informação. A ideia era demonstrar o sucesso do programa e o aumento do interesse dos alunos. Uma das sugestões do livro é mostrada abaixo:
O título do gráfico acima chama a atenção para a informação de que o programa foi um sucesso. Ao longo do gráfico, utilizamos cores estrategicamente para transmitir a informação de forma visualmente impactante. Além disso, os textos inseridos ajudam no entendimento do gráfico, tornando a informação clara e facilmente compreensível.
Conclusão
Além das dicas aqui apresentadas existem mais diversas práticas que ajudam nesse processo. Felizmente já temos muitas visualizações construídas para diversos contextos. Portanto se tiver dúvidas sobre qual visual usar ou sugestões é fácil encontrar na internet casos parecidos com bons exemplos de visualização. Um bom site para obter estes exemplos é o site Information Is Beautiful, que traz diversos exemplos de visualizações para diversos cenários.
Gostaria de ressaltar um último ponto: por mais que falemos muito sobre dados e sua importância, devemos lembrar que trabalhamos com pessoas e para pessoas. Os dados são uma ferramenta crucial nesse processo. Por fim, ao criar suas visualizações, tenha sempre em mente quais pessoas serão impactadas por aqueles dados, como elas irão receber as informações.
Por: Amanda Xavier
Data Science
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