#196 Como promover a acessibilidade na área de tecnologia
Transcrição
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Fernandinha
Está começando mais um entre Chaves, o seu podcast de desenvolvimento de software. E hoje estamos começando uma nova temporada aqui no Entre Chaves. Que rufem os tambores!
00:00:25:22 – 00:00:47:00
Fernandinha
Estamos começando uma nova temporada no Entre Chaves em que a gente vai ter vários hosts falando sobre diversos assuntos e hoje a gente vai falar sobre acessibilidade no desenvolvimento de software. E comigo está uma pessoa que já veio aqui no Entre Chaves algumas vezes, mas a primeira vez que ele está como Host. E aí, Denilson, como que você tá?
Denilson
E aí Fernandinha.
00:00:47:01 – 00:01:12:08
Denilson
Tudo bem pessoal? Estou muito emocionado aqui com esse convite, fazendo meu período de estágio aqui no Entre Chaves e espero estar agregando muito aqui e conversando muito com o pessoal sobre esses assuntos e trazendo experiências e conhecimento aqui para vocês também.
Fernandinha
Bom, então pra começar o assunto de hoje, estamos aqui com o Michael. Como você está, se apresenta pra gente?
00:01:12:10 – 00:01:34:16
Michael
Olá Fernandinha, tudo joia? Olá pessoal! Meu nome é Michael, eu sou desenvolvedor na dti há um pouco mais de três anos e como uma pessoa que depende da acessibilidade, estou aqui para conversar e bater um papo sobre esse tema tão importante para a gente.
Fernandinha
E também estamos com a Letícia. Letícia, tudo bem?
Letícia
Olá galera, meu nome é Letícia, prazer estar aqui.
00:01:34:17 – 00:02:09:09
Letícia
Obrigada pelo convite! Eu sou desenvolvedora front-end aqui na dti há quase três anos. Vai ser bem legal falar sobre esse assunto, principalmente que eu uso bastante minhas redes sociais pra tentar implantar essa questão de acessibilidade na vida das pessoas, dando alguns exemplos, conversando com a galera também via Instagram. Então vai ser uma honra passar essa data e esse assunto tão importante pra todo mundo.
Fernandinha
Para a gente começar falando sobre esse tema de acessibilidade no desenvolvimento, é legal falar que desde 2015 a gente tem uma lei brasileira de inclusão de pessoas com deficiência e é a principal legislação brasileira hoje, que aborda a acessibilidade digital.
00:02:09:09 – 00:02:30:19
Fernandinha
E tem alguns artigos nessa lei que obrigam sites a serem mantidos por empresas que adotem padrões de acessibilidade para garantir acesso adequado às pessoas com deficiência. Então, assim, a gente tem uma lei brasileira sobre isso, mas a gente também tem algumas dicas, algumas boas práticas de desenvolvimento de software que falam sobre acessibilidade. Então realmente existe muita coisa.
00:02:30:19 – 00:03:07:23
Fernandinha
Mas a gente ainda sabe que ainda existem muitos desafios quando a gente fala sobre acessibilidade em software. Então, antes de tudo, eu queria que a gente fizesse uma contextualizada aí pro nosso ouvinte, para ele entender um pouco melhor o que é acessibilidade, por que realmente ela é importante.
Michael
A acessibilidade é a garantia da condição de que todas as pessoas, independentemente de suas limitações, sejam elas temporárias ou permanentes, de conseguir utilizar plenamente um produto, um serviço ou um ambiente em igualdade com as outras pessoas de forma autônoma e independente.
00:03:07:23 – 00:03:29:22
Michael
Ou seja, a acessibilidade, ela vem com o objetivo de diminuir as barreiras que as pessoas enfrentam no dia a dia para desempenhar suas tarefas.
Denilson
Ou eu acho que isso aí mostra muito pra gente que não é só você ter acesso. Acho que todo mundo usa a palavra acessibilidade puxando pro português mesmo, que quer ter acesso, mas é muito mais.
00:03:29:22 – 00:03:57:13
Denilson
Vai além disso. Tem a questão da igualdade também e de uns tempos pra cá a gente vem começando a ter mais visibilidade sobre essa questão também né, Letícia?
Letícia
Principalmente agora na área de tecnologia pós pandemia também, principalmente acho que o público voltou muito para a área de tecnologia. A gente tem muitos acessos de todas as formas possíveis, então ficou muito além de você ter uma rampa para um cadeirante acessar determinado ambiente.
00:03:57:13 – 00:04:21:08
Letícia
Mas se uma pessoa conseguir acessar uma página e conseguir ler ela por completa, ela consegue se adaptar às cores das páginas. São coisas que parecem tão simples, mas que geram uma importância gigantesca, principalmente para todos que precisam da questão da acessibilidade. Um exemplo interessante: eu estava dando uma tela nova aqui do nosso projeto e aí me foi pedido pelo sonar do projeto que colocasse uma label que descreve o campo.
00:04:21:08 – 00:04:48:06
Letícia
Então assim, isso seria significante só para deficientes visuais? Talvez não, para todo mundo, talvez até para poder entender o que aquele campo faz. Acho que é um exemplo interessante de que está muito além das fronteiras, do acesso, do legal.
Denilson
E eu acho que é um número interessante, que vale a pena trazer aqui. Mas hoje, na população brasileira, a gente tem aproximado a mente 45 milhões de brasileiros que possui algum tipo de deficiência.
00:04:48:08 – 00:05:17:23
Denilson
Isso aí é praticamente 25% da população. É um número muito expressivo, mas que as pessoas não dão essa importância. E a gente está começando a mudar isso, né?
Letícia
Sim. Eu acho bem bacana essa imagem agora que a gente está tendo de necessidade, né? Eu tenho uma visão de que antes as pessoas relevavam muito essa importância e hoje a gente vê que eu, particularmente, eu consigo estar em qualquer lugar, fazer qualquer coisa, dependendo da situação, é claro, porque para mim seria uma deficiência física, então o meu acesso é mais tranquilo.
00:05:18:01 – 00:05:35:01
Letícia
Mas acredito que existem vários tipos de deficiência, inclusive minha cunhada. Ela tem deficiência cognitiva, as vezes não é tão perceptível que a pessoa tenha deficiência, as vezes ela não é tão perceptiva, é uma deficiência que impacta e às vezes a pessoa não está ali apta, às vezes o ambiente não está apto para poder absorver ou dar o acesso para aquela pessoa.
00:05:35:03 – 00:05:58:22
Fernandinha
E aí, ouvindo essa definição que o Michel trouxe de que a acessibilidade é, de fato, diminuir essas barreiras do dia a dia das pessoas. Eu queria muito que vocês contassem do ponto de vista de vocês, como vocês se interessaram por essa área e se vocês de fato encontraram barreiras e quais foram essas barreiras no início do desenvolvimento de software que vocês, enfim, fizeram para se adaptar a isso?
00:05:59:03 – 00:06:32:08
Michael
Bom, eu comecei a me interessar pela área de acessibilidade justamente quando me tornei uma pessoa deficiente. Eu sou deficiente visual e por isso eu faço a utilização de uma tecnologia assistiva que se chama “leitor de tela” e é por meio dessa ferramenta que eu consigo desenvolver e usufruir de tudo que a era digital tem a me oferecer. Quando eu olho para a acessibilidade, eu gosto de pensar no seguinte a tecnologia ela vem e para a maioria das pessoas, para facilitar o desempenho das tarefas que elas têm para fazer cotidianamente.
00:06:32:09 – 00:07:10:18
Michael
Mas para uma pessoa deficiente, as vezes a tecnologia integrada com acessibilidade, ela vem com um caráter de habilitação, ou seja, quando eu estou desenvolvendo alguma coisa, eu tenho que pensar o seguinte: eu estou desenvolvendo esse produto para uma pessoa, eu não estou codando por codar e isso gera um impacto imenso na vida dessa pessoa. Então quando eu me vi na situação de depender dessa tecnologia por conta da perda da visão, essa área ficou inevitável na minha vida e consegui contribuir para que a acessibilidade, ela também faça parte da vida de todas as pessoas, principalmente aquelas que estão ao meu redor.
00:07:11:00 – 00:07:39:10
Michael
Eu sei que eu estou agregando valor para essas pessoas que dependem dessa tecnologia, assim como eu.
Fernandinha
Então, no seu caso, você falou do leitor de tela, então que realmente te possibilita desenvolver software. Conta um pouquinho mais para gente.
Michael
Perfeito. O leitor de tela para quem não tem afinidade com essa tecnologia, é basicamente uma ferramenta que eu tenho no meu computador que consegue transmitir todas as informações por meio de áudio.
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Michael
Então parte das informações que estão numa tela no navegador, por exemplo, ele traduz isso tudo para áudio, para que eu consiga obter as informações. Não é diferente numa IDE, por exemplo, eu tenho uma série de comandos e atalhos que eu posso utilizar desse leitor de tela para que eu consiga desenvolver o software.
Fernandinha
E você, Letícia, qual é a sua experiência?
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Letícia
Eu vim da área de Engenharia Civil. Eu sempre gostei bastante de tudo o que diz respeito a exatas. Eu particularmente me apaixonei mais com o código mesmo, depois de conhecer o meu marido, que é desenvolvedor também e acabou que de curiosa, fui tentar entender o que era código e que o que era aquilo. Então me apaixonei literalmente pela tecnologia.
00:08:23:11 – 00:08:51:04
Letícia
Já era uma paixão desde que eu existo, então só vinculou a parte da engenharia. E, quanto a acessibilidade na minha vida, eu nasci sem as mãos. Então eu falo que graças a Deus que quando a gente nasce sem uma parte não é visto, para mim pelo menos, como algum problema absurdo, sabe porque? Como eu nunca tive, então não sei o que é a experiência de se ter uma mão, então para mim meio que não faz falta, sabe?
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Letícia
Eu aprendi a me desenvolver e a me adaptar com meus braços mesmo, normal, sem a necessidade de ter uma mão ali. Então tem muita gente que me pergunta, tipo como que você escreve? Como você pega caneta? Mas cara, a maioria das pessoas, todas as pessoas do mundo, ninguém nasceu sabendo escrever. Então eu criei a minha forma de pegar uma caneta, pegar ela, escrever e tudo.
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Letícia
Eu falo que as vezes eu decepciono as pessoas porque elas acham que é uma coisa muito espalhafatosa atrás. É algo que é muito simples. Eu consegui me adaptar por ter nascido assim, então desde criança eu já me adaptei a tudo. Eu não tenho nada na minha área de trabalho, no meu setup, que é adaptado. Graças a Deus eu ainda me adaptei e não me atrapalha, mas atrapalha outras pessoas e no final das contas então você não usa igual você falou, nenhuma ferramenta. O teclado é o normal e o mouse ele tem que ser um pouquinho mais curvo só para poder ficar legal, assim, em questão de pegar mesmo, que é mais palpável pro braço mesmo,
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Letícia
se encaixar, mas é o mouse que veio da dti e ele é excelente, então ficou tudo certinho. Então o meu setup ele não é e não é adaptado.
Denilson
E para vocês, como que foi essa experiência dessas primeiras entrevistas para entrar no mercado de tecnologia?
Letícia
Para mim, particularmente, como eu disse, eu sou fora do padrão, eu não me candidatei para a vaga de PCD.
00:10:15:14 – 00:10:38:20
Letícia
Tem gente lá que até hoje não sabe que eu sou PCD. Mas eu tive a impressão de que assim, sendo bem sincera, as vagas na grande maioria das empresas que eu pesquisei era tipo assim você tem uma cota, você tem que colocar essa quantidade PCD aqui. E é isso. E aí eu senti que em algumas entrevistas que eu fazia, talvez era tipo assim eu não vou te cobrar tanto a parte técnica, eu vou te cobrar o básico, sabe?
00:10:38:20 – 00:10:58:18
Letícia
Eu nunca gostei de ser o básico. Eu vou para uma vaga normal e eu vou ser cobrado como qualquer outra pessoa normal. Na minha cabeça era isso que eu queria para mim, e foi isso que eu consegui aqui. E olha que eu fiz duas entrevistas para entrar na dti. E na primeira eu não passei e na segunda eu falei ainda brincando “eu faço dez entrevistas, mas eu entro nessa empresa”.
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Letícia
Cada caso é um caso, mas no meu caso eu gosto de ser avaliada como qualquer outra pessoa pela minha parte técnica, não pela minha parte física, por exemplo.
Denilson
Legal, e a sua experiência, Michael?
Michael
Eu estava na metade da faculdade de engenharia e eu trabalhava mais especificamente com a parte eletrônica e nesse tempo ainda eu ainda enxergava. E quando eu comecei a perder a visão, eu fui procurando as áreas que eram mais acessíveis para eu continuar ainda na área de engenharia, mas que fosse acessível para mim.
00:11:32:22 – 00:11:58:06
Michael
E eu vi essa oportunidade no desenvolvimento de software. Então comecei a estudar um pouco mais e entender o que eu precisava de aprender, que eu ainda tinha certas dificuldades, tanto na questão da deficiência em si, porque é uma adaptação que tem que ser feita para a gente. É questão teórica mesmo, para conseguir desenvolver softwares tal qual uma pessoa que não tem nenhum tipo de deficiência.
00:11:58:08 – 00:12:32:04
Michael
Então eu procurei vagas, estava olhando e acabei sendo indicado aqui para a dti. Então eu iniciei o meu treinamento aqui para trabalhar basicamente com backend, que é a parte de desenvolvimento que é mais acessível para as pessoas que são deficientes visuais, principalmente por não ter que lidar com parâmetros visuais. E foi essa minha experiência e tem sido muito, mas muito bom conseguir atuar nesse ponto e fazer a diferença no meu time e nos usuários do nosso sistema.
00:12:32:05 – 00:12:58:17
Fernandinha
Mas eu fiquei curiosa em relação aos desafios, mesmo que você comentou, Michael, inclusive, outro dia a gente estava conversando no chat do Teams e eu perguntei “Você já usou a extensão tal?” E aí você falou assim “Vou dar uma olhada aqui para ver se realmente ela atende aos padrões de acessibilidade.” E de fato, ainda é uma coisa, como eu falei, que é desafiadora.
00:12:58:20 – 00:13:24:16
Fernandinha
Então queria entender com você quais são os principais desafios que você sente assim no seu dia a dia de desenvolvimento de software.
Michael
Nós deficientes, nós dependemos que os softwares e as empresas se preocupem com o caráter de acessibilidade. Por isso, nós temos uma série de diretrizes que precisam ser seguidas para garantir que um software ou aplicativo ele seja acessível.
00:13:24:18 – 00:13:46:07
Michael
E, como você mencionou, é sempre necessário fazer essa validação. Quando eu estou procurando um programa para eu poder fazer uso, para além de procurar se ele atende o objetivo que eu quero alcançar, eu tenho que saber se ele é totalmente acessível também. Vou dar um exemplo: no nosso time a gente usa o Postman para poder fazer as chamadas.
00:13:46:09 – 00:14:21:09
Michael
Infelizmente ele não é totalmente acessível para o leitor de tela, então eu e meu time juntou em um determinado período de tempo para procurar uma solução para esse problema. Então a gente buscou outros softwares que fossem acessíveis para que eu consiga utilizar o leitor de tela. Então, assim como você mencionou, quando eu vou lá pegar um plugin para eu poder instalar, eu tenho que ver se ele tem os atalhos correspondentes para que eu use e manipule o software somente com o teclado, já que nós, deficientes visuais, não utilizamos o mouse para poder interagir com o computador na maioria das vezes.
00:14:21:09 – 00:14:50:05
Michael
Então nós temos que procurar certas documentações, fóruns, informações para que a gente consiga operar o software da melhor forma possível. As maiores empresas e que se preocupam com esse caráter de acessibilidade no software, em alguns momentos até deixam documentações específicas para que a gente tenha um acesso direto a tudo o que a gente precisa de informação para utilizar aquele software de forma acessível, seja com leitor de tela ou com qualquer outra tecnologia assistiva.
00:14:50:07 – 00:15:24:10
Michael
Isso é muito importante. Faz a diferença para a gente porque deixa o nosso trabalho muito mais eficiente.
Denilson
Legal, e você tem conhecimento ou participa de comunidades que são voltadas para esse desenvolvimento, essa melhoria de sistemas tipo um Stack Overflow da vida?
Michael
Atualmente eu não participo ativamente de fóruns de discussão específicos sobre acessibilidade, mas existem grandes comunidades que falam sobre o assunto, até mesmo no Stack Overflow e outros fóruns de discussão de desenvolvedores.
00:15:24:10 – 00:16:00:21
Michael
Tem uma comunidade muito ativa de desenvolvedores que utilizam das tecnologias assistivas para trocar dicas, informações e discutir sobre a acessibilidade. No YouTube, por exemplo, nós temos vários canais que tratam especificamente sobre acessibilidade e essa troca de informação. Ela deve ser ativa e presente para que a gente divulgue sobre essas informações, porque a gente só garante que tudo será acessível a partir do momento em que todas as pessoas tiverem conhecimento do que é necessário para que essas pessoas atuem e participem ativamente da promoção da acessibilidade no software e na vida.
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Fernandinha
E Letícia, você que trabalha com front e tal, quais são as dicas que você acredita que fazem muita diferença para acessibilidade de softwares?
Letícia
Bom, a gente tem várias tratativas que a gente consegue fazer nas telas para poder adaptar as pessoas em questão de deficiência visual. E no meu desenvolvimento mesmo, a gente trabalha com desenvolvimento de telas no site mesmo aquele que não é de movimento mobile.
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Letícia
A gente trabalha muito com as labels que são aquelas descritivas, as cores, a interação das cores. Inclusive a nossa designer também tem essa questão de estar sempre prezando pelas cores que vão estar mais adaptáveis por pessoas que não conseguem fazer essa identificação de cor corretamente. Todo o trabalho da criação da tela em si, as fontes da tela, as descrições da tela, as cores da tela, tudo isso e inclusive os botões.
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Letícia
Até eu ouvi uma vez um estudo de que tem alguns cliques, alguns botões, alguns sons podem ajudar algumas pessoas a se direcionarem na tela. No meu desenvolvimento, esse front end, a gente volta mais para essa questão com os tipos de fontes que são mais fáceis de ler, são mais visíveis, principalmente Arial, que é a que a gente mais deve usar e os padrões dessa classe.
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Letícia
E as cores e essas questões do som do clique. Eu achei interessante esse estudo legal.
Fernandinha
Michael, você tem mais alguma boa prática que você acredita que valha a pena mencionar aqui para o desenvolvimento?
Michael
Falando um pouco mais sobre esse ponto que a Letícia tocou: nas IDEs, por exemplo, o Visual Studio, Visual Studio Code, existe uma ferramenta de acessibilidade que faz muita diferença para mim, que é o feedback auditivo de alguns pontos importantes no código.
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Michael
Por exemplo, eu tenho um som específico quando a minha compilação é executada com sucesso. Outro feedback auditivo para quando ela é executada com erro, breakpoints e alguns eventos específicos da IDE. Eu consigo ter esse feedback, o que ajuda bastante no desenvolvimento. Quando a gente está falando de páginas web, é muito importante também que as tags semânticas, elas sejam utilizadas da forma correta.
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Michael
Assim como a Letícia mencionou, é muito importante a gente ter uma descrição para todos os botões, que os níveis hierárquicos, que são os títulos, eles sejam utilizados da forma correta. Por quê? Se não há a presença dessas tags, quando eu estou fazendo a leitura de uma página nessas condições, ela é basicamente um texto corrido para mim, então eu tenho que ler desde a primeira linha até a última linha da página para entender como está a distribuição dos elementos, onde estão as informações, para que eu entenda e faça um mapeamento na minha cabeça de como estão distribuídas essas informações para que depois eu consiga utilizar ela de uma forma mais eficiente.
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Michael
Agora, se ela já tem uma estruturação dividida la em: Header, filter, article, nós temos lá os títulos utilizados da forma correta, os botões contendo descrições e labels, eu consigo fazer o manuseio desse site de uma forma muito mais eficiente. Um contexto que eu consigo citar que aconteceu essa última semana: Eu estava lá trabalhando na cloud, estava manipulando algum segredo lá para uma aplicação e eu estava numa tabela de segredos.
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Michael
Eu estou assim: “Eu preciso atualizar esse valor”. Tinha um botão sem descrição e eu queria saber se era aquele que eu precisava para conseguir novas opções para poder atualizar esse valor. No final das contas, eu estava excluindo o segredo da base. Graças a Deus deu para eu poder reverter. Mas enfim, são esses pontos que fazem total diferença para que a gente atue da melhor forma possível, para que a gente trabalhe eficientemente legal.
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Michael
E quando está construindo uma coisa nova, a gente já consegue pensar nisso com essa abordagem de boa prática e tudo mais.
Denilson
Mas vocês já tiveram experiências também com sistemas, os famosos legados? Como que vocês tiveram que lidar com esse tipo de situação, de algo que já estava construído, que não seguiam essas boas práticas de acessibilidade?
Letícia
Eu posso dar um exemplo aqui do nosso projeto.
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Letícia
Ele não é legado, graças a Deus, mas ele é um projeto antigo que veio derivado de outra empresa. Então ele passa ainda por várias reparações. A gente conseguiu refatorar tipo uns 80, 90% do código, mas hoje, quando a gente roda o sonar, eu ainda estou nesse processo de recuperação, ele ainda fala, inclusive, foi até o que o Michael tocou aí, sobre as leis descritivas, né?
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Letícia
Ele reclama com a gente que tem inputs ou botões sem descrições, então o cenário, ele é configurado para identificar isso aí. E isso está sendo refatorar aos poucos. Agora, essa questão das descrições não existia isso no código até então.
Fernandinha
Bem legal esse tema que você trouxe, Letícia, que você falou da ferramenta do Sonar, que é uma ferramenta que nos auxilia de fato a encontrar esses problemas de acessibilidade dentro das nossas aplicações.
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Fernandinha
Então isso é bem legal. Tem um outro exemplo também, que é o Google Light House, que é uma ferramenta agora de análise de sites. Você consegue ver também a análise do seu site, ver o quão acessível ele está e tal. Então são ferramentas que também são aliadas dos desenvolvedores para esse caminho de buscar de fato uma acessibilidade nos seus produtos.
Denilson
Ou, uma coisa que eu fiquei com curiosidade, eu acho que essa pergunta é principalmente pro Michael, como o que é para você,
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Denilson
eu não sei se você trabalha no modelo de Sprint ou o Kanban, como que é para você pontuar e estimar as tarefas baseado no que você vai gastar e também no que o seu time vai desenvolver também para aquela tarefa?
Michael
No nosso time, a gente não faz essa estimativa em pontos das atividades, nós olhamos para qual é o objetivo da demanda, qual a complexidade dela e qual é o histórico do time para que a gente consiga determinar uma quantidade de tarefas que nós vamos atuar na Sprint.
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Michael
Mas desse ponto em específico, a gente sempre faz a conversa sobre o seguinte: essa demanda vai exigir algum caráter visual que dependa da presença de outra pessoa para fazer o auxílio? Se sim, a gente faz o direcionamento mais adequado. Na necessidade de eu desenvolver algo que necessita de um caráter visual, eu tenho alguma pessoa do time de apoio para que eu consiga fazer e desempenhar essa tarefa.
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Michael
E é importante ter essa conversa sempre, porque existem limitações que vão me impedir de desempenhar determinada tarefa. Por exemplo, eu não vou conseguir trabalhar um melhor layout para um site sendo deficiente visual sem o apoio e a referência de uma pessoa que enxerga. Então é importante que nós, deficientes, nós tenhamos independência, mas que as pessoas que estão ao nosso redor, eles tenham um entendimento do nosso contexto e de nossas limitações.
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Letícia
Bom, eu achei muito interessante o que ele falou agora sobre a questão de como lidar. Ele falou sobre as pessoas entenderem quais são as nossas limitações e quais são as nossas necessidades. Eu vivo nesse mundo desde que eu existo. Lógico que, como eu disse, nasci com esta consciência das pessoas que julgam aquilo que eu preciso. Na maioria das vezes ela nem julga aquilo que eu preciso, mas ela julga aquilo que eu não faço, então,
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Letícia
Eu sempre fui muito assim com todas as pessoas que vivem ao meu redor. Elas falam até: “Às vezes eu esqueço que você não tem as mãos”. Realmente, as pessoas que convivem comigo diariamente, elas dizem “Ah, eu esqueci que você não faz determinada coisa ou que você é assim”. Por quê?
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Letícia
É porque eu nunca me coloquei nessa situação. Porque eu acho que a pessoa tem que chegar pra você e perguntar qual é a sua necessidade. Não julgar o que você precisa, mas te perguntar.
Fernandinha
É, tem o julgamento mesmo das pessoas e de como você falou entre julgar de que realmente a sua necessidade, de qual o que vai ser.
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Fernandinha
Mas o Michael também trouxe um ponto bem interessante mesmo também, que é o da empatia, da gente entender, da gente, entender o contexto da gente. Entender as limitações. Então eu acho que tem os dois pontos aí entre ter a liberdade de conversar com a pessoa, entender quais são as limitações dela, quais são as necessidades dela, enfim, é importante.
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Denilson
Outra curiosidade que eu tenho, eu trago as curiosidades para vocês, qual o melhor modelo que vocês se adaptaram melhor? Não sei se vocês chegaram a trabalhar no presencial e no home office?
Letícia
Cara, para mim, eu gostei dos dois métodos. Eu tive a oportunidade de conhecer a dti agora, dois anos depois trabalhando empresa, finalmente consegui e foi um playground para mim. Parecia que eu estava na Disney.
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Letícia
Eu gostei demais que é a minha primeira vez trabalhando realmente em uma empresa, então é tudo muito novo e foi muito legal estar em contato com todo mundo. Sentir o calor humano é muito bacana. Ver a galera ali conversando, trabalhando, trocando ideias em tempo real é muito bom. Mas também vou dizer que o home office abriu várias portas, principalmente pra mim, que moro no interior de Minas, de estar morando na minha cidade, ter o acesso, de conseguir trabalhar numa empresa de BH, por exemplo.
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Michael
No meu caso, o ambiente virtual, ele foi essencial quando eu tive que me adaptar e aprender a usar o leitor de tela. Na faculdade, a gente estava em período de pandemia então assim, os professores começaram a disponibilizar materiais digitais e com esses materiais digitais eu consegui a maior acessibilidade para acompanhar as matérias. Por exemplo, em quadro, precisava de uma pessoa para ou me ditar o que estava sendo escrito e eu ter mais contexto para o trabalho em especial.
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Michael
O que é limitante no meu caso é o deslocamento, já que como eu sou deficiente visual, eu preciso de um acompanhante e nem todos os locais são adequados para que eu faça o deslocamento sozinho, então o ambiente virtual, home office, ele agrega bastante no meu dia a dia de trabalho e faz com que meu trabalho seja mais eficiente.
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Fernandinha
Também é muito importante ouvir esses depoimentos de vocês, que as vezes são coisas que a gente não pensa mesmo assim e geralmente o deslocamento para vir presencialmente. Cara, isso é importante.
Denilson
E são coisas que nem passa pela minha cabeça, ter um acompanhante parar te guiar. Nossa, a gente literalmente vive numa bolha e certamente é tão importante ouvir o depoimento de vocês.
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Michael
Um caso interessante que é legal de citar. As vezes a gente está lá na daily do time e o pessoal tá assim “ou, tô compartilhando o board aqui. Tá todo mundo vendo?”, tipo eu não vou estar vendo. Mas aí a gente faz uma série de adaptações para que eu consiga atuar plenamente no desenvolvimento. Por exemplo, está rolando uma discussão com uma apresentação de tela de um bug que está acontecendo.
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Michael
Sempre tem uma pessoa lá que está me descrevendo o que está acontecendo na tela. Quando a gente está fazendo elaboração de um documento de publicação, já é um padrão de script que a gente coloca os textos alternativos em todas as imagens. Na descrição das histórias, nós temos sempre também as informações úteis que estão lá nas imagens, de forma textual, para que eu tenha o contexto e que eu consiga contribuir sem nenhum tipo de dificuldade.
00:27:41:19 – 00:28:11:06
Michael
Aí que vem aquele ponto que a Letícia já comentou as vezes as pessoas que estão ao nosso redor por estar tão familiarizada com o nosso contexto que elas esquecem que a gente é deficiente. Elas esquecem que a gente tem algumas limitações, porque se o ambiente está adequado para que a gente consiga desempenhar nossas atividades da forma que tem que ser desenvolvidas, não existem barreiras, a gente consegue atuar plenamente em igualdade e esse é o objetivo da acessibilidade.
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Michael
Que isso fique tão transparente que as pessoas não sintam diferença.
Letícia
O Michael falou um ponto muito interessante sobre ambiente adequado. Eu vou falar de uma experiência não legal dentre as várias, que é lógico que a gente tem várias experiências ruins e uma delas é: eu fui numa loja, não vale citar nome, mas ela é enorme e eu escolhi várias peças de roupa que eu gostei da loja e estava eu e o meu marido e logicamente vai ter roupa que eu vou precisar de ajuda dele com certeza.
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Letícia
E a loja não me deixou experimentar a roupa porque ela não tinha vestiários acessíveis e mesmo que uma das funcionárias da loja ela se dispôs, ela sabia que eu não ia ficar confortável de alguém estranho me ajudar. Mas ela falou “Eu fico aqui na porta por questão de segurança, mas você pode experimentar a roupa e se precisar, eu te ajudo”.
00:29:00:05 – 00:29:28:09
Letícia
Mas a gerente da loja sequer veio até mim falar comigo e ela não me deixou experimentar as roupas. E é uma loja que é muito conhecida e não tem acesso, não está preparada para todo tipo de ser humano. Eu acho que é frustrante.
Fernandinha
Imagino que vocês devam ter muitos desafios igual a esse que você falou, Letícia, porque eu acredito que tem muito lugar ainda, que não é não é bem adaptado. Aqui a gente falou bem no contexto de software, mas claro que fisicamente, lojas igual você falou,
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Fernandinha
enfim, tem leis para isso, mas assim a gente sabe que às vezes não estão 100% adaptadas. Mas voltando rapidamente no contexto de software, eu só queria tirar mais uma questão aqui. Uma dúvida da percepção de vocês agora em relação à… porque a maioria das ferramentas tem embutido inteligência artificial e acredito que isso pode melhorar a acessibilidade das ferramentas?
00:29:55:07 – 00:30:31:15
Fernandinha
Queria ouvir de vocês a percepção de como vocês têm visto a evolução mesmo nas ferramentas, principalmente agora com o boom das IAs e tudo mais.
Michael
A IA trouxe um grande avanço no quesito de acessibilidade e inclusão. Como exemplo eu posso citar as ferramentas de descrição de imagem. Hoje no meu leitor de tela do celular eu já consigo por meio de um gesto já conseguir a descrição de uma imagem, de um de uma mensagem de WhatsApp, de uma rede social de forma rápida e ágil.
00:30:31:16 – 00:30:52:00
Michael
A geração de legendas automáticas também facilita bastante a vida das pessoas que têm deficiência auditiva, para conseguir essas informações de forma adequada. Até mesmo as pessoas que têm, por exemplo, que assistir um vídeo de uma aula que está em outra língua, agora, elas já conseguem essa tradução instantânea, ou seja, a informação fica mais fácil para todas as pessoas.
00:30:52:02 – 00:31:17:13
Michael
Eu, como deficiente visual, tenho até um aplicativo que utiliza de inteligência artificial para fazer a identificação de objetos no ambiente. Então, por exemplo, eu consigo a partir do meu celular, focar no ambiente. Se eu estou a procura de uma garrafa d’água, uma porta ou uma janela num ambiente que eu desconheço, ele já consegue me apontar e isso faz uma diferença enorme para a gente, porque se torna mais fácil as tarefas diárias.
00:31:17:15 – 00:31:43:08
Fernandinha
Bem interessante esse aplicativo. Como chama?
Michael
É Lookout.
Fernandinha
É bem interessante, realmente a utilização, né? Às vezes a gente vê as próprias lives que tiveram aí do GPT quando eles lançaram o 4o ou o Gemini e tudo mais, eles fizeram demonstrações nesse sentido, o GPT reconhecendo objetos, o próprio Gemini também. E aí a gente vê “Nossa, que legal, vai melhorar minha vida”.
00:31:43:08 – 00:32:08:03
Fernandinha
Mas aí a gente vê o salto que pode realmente fazer, qual o grau da diferença que pode fazer na vida de um deficiente visual, por exemplo. É muito, muito interessante. E, Letícia, o que você pensa sobre esse assunto?
Letícia
Vou entrar agora no que o Denilson falou sobre a questão da bolha. A gente literalmente só percebe a importância das coisas quando a gente precisa delas ou quando está muito além.
00:32:08:05 – 00:32:30:22
Letícia
Quando a gente abre a nossa visão para muito além daquilo que a gente vive. Eu falo que eu mesma achei muito interessante que o Micahel falou, ia falar sobre otimização de aplicativos de busca, sobre os acessos, o telefone e de ter áudio também, né? Hoje a praticidade para uma pessoa que não tem nenhum tipo de deficiência, ela fala com a Siri ou fala com a própria assistente do Google mesmo.
00:32:30:22 – 00:32:59:19
Letícia
E ali você faz ligações e manda mensagem. Isso pode parecer assim, facilitou muito a vida das pessoas que não possuem deficiência. Mas você já parou pra pensar nas pessoas que possuem deficiência? Qual a importância disso? Vai, vai muito além. Um exemplo meu na parte de tecnologia é eu tenho vontade assim, um futuro próximo que vem de tirar minha CNH, por exemplo, e um dos testes que eu fiz, porque a gente faz os testes para poder ver se a gente está apto a precisar de alguma adaptação do carro e tal.
00:32:59:21 – 00:33:25:05
Letícia
Para mim seria a questão da marcha. E olha o que a tecnologia fez hoje. Basicamente você não precisa passar marcha. É um exemplo simples pra mim, mas que vai fazer uma diferença absurda na minha vida.
Fernandinha
Isso é muito legal mesmo, viu gente?
Michael
Acho que um ponto legal de falar que nós, deficientes, nós temos o papel de trazer acessibilidade para todas as pessoas.
00:33:25:07 – 00:33:52:17
Michael
É muito importante que nós, deficientes, quando encontramos algum problema em um site específico, um aplicativo, nós damos o feedback para as pessoas que são responsáveis pelo desenvolvimento. Afinal, eles querem entregar valor para a gente e, às vezes, a acessibilidade, ela tem um caráter muito individual. Então é preciso que a gente apresente essa necessidade para os desenvolvedores, para que eles saibam onde atuar, porque só assim eles conseguem entregar valor.
00:33:52:20 – 00:34:15:00
Michael
O valor do produto.
Fernandinha
E aí você trouxe um ponto que eu também queria, até para fechar o episódio, que eu acho que é extremamente importante a gente ter cada vez mais pessoas diversas no desenvolvimento de software, que só assim também que a gente consegue ter diferentes pontos de vista para que a gente consiga entender. Como você falou, cada deficiência uma.
00:34:15:03 – 00:34:46:20
Fernandinha
Cada pessoa tem a sua vivência, cada pessoa tem a sua experiência. Então é muito, muito importante que o ambiente do desenvolvimento seja o mais diverso possível, para que a gente consiga de fato ter essa grande bagagem e essa grande assim, enfim, essas diferentes formas de desenvolver e diferentes experiências para que aquele software realmente seja inclusivo e de fato não tenha barreiras de acesso e de acessibilidade para diversas pessoas diferentes.
00:34:46:22 – 00:35:12:14
Denilson
E isso também favorece o letramento de quem está com eles.
Fernandinha
Sim, eu estava pensando nisso!
Denilson
Como o time da Letícia, o conhecimento que eles têm a respeito do assunto hoje é vasto. E eles, muito de repente leva esse conhecimento pra outras pessoas também.
Letícia
Mas aqui no meu time, antes, quando eu entrei, as vezes falavam assim: tecla control alt shift, control alt del, por exemplo.
00:35:12:16 – 00:35:38:23
Letícia
Qual é a outra coisa? Control alt F? Um exemplo que é um atalho que tem três teclas e aí eu brinco: “Gente, eu tenho a limitação de duas teclas, porque não dava para apertar as três teclas”. E aí hoje o time é de boa. É muito bom. A gente é muito família. Tá, eu posso apertar control alt F, por exemplo, mas eu também consigo dar botão direito e aqui colocar o botão para formatar o código.
00:35:38:23 – 00:36:02:23
Letícia
Por exemplo, eu tenho uma brecha, eu tenho dois caminhos, tem um que eu não consigo fazer, mas eu tenho outro que eu consigo fazer. Outro ponto que eu achei interessante é quanto mais pessoas, vários tipos de pessoas que a Fernandinha falou numa empresa, melhor. Até para a empresa, ela vai estar adaptada a tudo eu acredito. Eu desenvolvo uma tela, eu mostro para alguém que tem deficiência visual, por exemplo, testa para mim se tá ok, tá certo.
00:36:02:23 – 00:36:22:04
Letícia
Para você está muito além do padrão de ser humano que testou a tela e a pessoa não tem nenhum tipo de deficiência. Mas também para uma pessoa que tem a necessidade especial ali da tela, está funcionando perfeitamente.
Fernandinha
É, para mim, é muito isso. Sobre a inclusão na empresa e também a inclusão sobre os produtos que a gente produz, né? Eu acho que
00:36:22:10 – 00:36:44:08
Fernandinha
Esse ponto da diversidade é extremamente importante mesmo, não só a diversidade como a gente falou, mas a equidade e a inclusão também das pessoas no ambiente de trabalho. Enfim, é esse letramento que o Denilson falou. Para mim é ouro e é assim que as pessoas também vão se tornando cada vez mais letradas no tema, não é gente? Acho que é isso.
00:36:44:08 – 00:37:10:00
Fernandinha
Muito legal ouvir de vocês. Muito massa esse episódio. Tomara que os ouvintes estejam aqui com a gente até agora, porque foi um episódio muito importante pra gente entender também, não só no desenvolvimento, mas como eu falei para a gente como sociedade mesmo, de trabalharmos esses assuntos, né?
Denilson
Para mim foi uma verdadeira aula. Obrigado Maycon. Obrigado Letícia por ter vindo aqui dar essa verdadeira aula para a gente sobre acessibilidade.
00:37:10:02 – 00:37:24:14
Fernandinha
Exatamente. Bom, então é isso galera, Valeu até a próxima e tchau, tchau!
Letícia
Tchau, tchau galera. Foi um prazer.
Michael
Tchau pessoal.
As soluções e as ferramentas que seus colaboradores usam e constroem no dia a dia são acessíveis? Neste episódio, Michael Silva, Desenvolvedor Back End, e Letícia Alves, Desenvolvedora Full Stack, ambos da dti digital, compartilham experiências e desafios sobre o tema. Dê o play e ouça agora!
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